quarta-feira, 30 de julho de 2008

013 - 1992 - Perambulando por Machida usando camisa de flanela


Não demorou muito para a América capitalista tirar uma casquinha do movimento Grunge. Afinal, não se tratava apenas de um movimento musical, mas também era moda e comportamento. Um estilo de vida.
Após o sucesso de Nevermind, a Geffen Records, para encobrir a ausência de um álbum com músicas inéditas do Nirvana no ano de 92 lançou em dezembro o disco Incesticide. O disco é uma coletânea de faixas lançadas em singles ou registradas em fitas demo desde os tempos da Sub Pop, a gravadora do grupo no início da carreira. Das várias pérolas do álbum, destaco a ótima cover de Son Of a Gun dos Vaselines, a bebaça Hairspray Queen, a releitura de Polly em versão New Wave e a alegrinha-raivosa Sliver, minha canção favorita do Nirvana.

E logo os tentáculos de Hollywood chegaram a Seattle. A comédia romântica Singles levou o Grunge às telas de cinema de todo o mundo. O filme teve sucesso razoável, mas o que valeu mesmo foi a sua excelente trilha sonora, para mim o disco que melhor representou o cenário musical da época. E lá estava o metal tosco do Alice In Chains (Would?, indicada ao MTV Music Awards na categoria Melhor Canção Original), o hard rock do Pearl Jam, o grande gogó de Chris Cornell, solo e com o Soundgarden, o rock sujo do Mudhoney além de Screaming Trees com a ótima Nearly Lost You, os oitentistas Mother Love Bone e o “Grunge de Chicago” dos Smashing Pumpkins. Mas os grandes destaques ficaram por conta de Jimi Hendrix (o guitarrista nasceu em Seattle) com a clássica May This Be Love e The Lovemongers, banda formada por Ann e Nancy Wilson, vocalistas do Heart, banda de Seattle que fez um grande sucesso nos anos 80 e a espetacular cover de Battle Of Evermore do Led Zeppelin.

E depois de ter adquirido essas duas bolachas, comprei uma camisa de flanela e um par de coturnos para passar o inverno do ano do Grunge.








sexta-feira, 4 de julho de 2008

012 - 1992 - Ministry: Usando máquinas a serviço da barulheira



Com ΚΕΦΑΛΗΞΘ, Al Jourgensen(guitarra, voz, teclados)e Paul Barker (voz, baixo, programações) mesclaram o thrash metal com o techno, inventaram o industrial, deram uma nova dimensão à musica pesada e abriram a mente deste humilde escriba para sons mais heavy.

e eu nunca mais fui o mesmo.

terça-feira, 1 de julho de 2008

011 - 1992 - A Circuncisão de Harry (Lou Reed)

Olhando no espelho, Harry não gostou do que viu
As bochechas de sua mãe, os olhos de seu pai
A cada dia que se estilhaçava à sua volta, o futuro se revelava
Ele estava se transformando em seus pais
O desapontamento final
Saindo do chuveiro, Harry se fitou
As entradas em seu cabelo aparecendo,
Ele pegou a lâmina para começar a se barbear
E pensou "oh, como eu queria ser diferente
Queria ser mais forte, queria ser mais magro
Queria não ter esse nariz
Essas orelhas protuberantes me lembram meu pai
E eu não quero lembrar dele de jeito nenhum"
O desapontamento final
Harry se olhou no espelho pensando em Vincent Van Gogh
E com um golpe rápido cortou fora seu nariz
E feliz com isso fatiou o seu queixo
Ele sempre tinha desejado uma covinha
O fim de toda a ilusão
E então olhando entre suas pernas
Harry pensou na gama de possibilidades
Uma nova face, uma nova vida, nenhuma memória do passado
E cortou sua garganta de orelha a orelha
Harry acordou com uma tosse, os pontos o fizeram estremecer
O doutor sorriu de algum lugar do quarto
"Filho, salvamos sua vida mas você nunca mais vai parecer o mesmo"
E quando ouviu isso, Harry teve de rir
E quando ouviu isso, Harry teve de rir
Apesar de doer, Harry teve de rir
O desapontamento final

letra original: Vagalume

Harry's Circumcision - Reverie Gone Astray foi lançada em 92 no álbum Magic and Loss.

010 -1992 - A mais bela draculete de todos os tempos.




Superlativos inevitáveis: A gatíssima Monica Bellucci na magistral película Dracula de Bram Stoker do incomparável diretor Francis Ford Coppola.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

009 – 1992 – Experimentando a geléia alucinógena da avó de Eddie Vedder

Os holofotes do mundo todo estavam voltados para o rock alternativo americano naquele ano. O sucesso de álbuns como o Facelift do Alice In Chains, Badmotorfinger doSoundgarden, BloodSugarSexMagik dos Red Hot Chili Peppers e Smell The Magic do L7 transportaram essas bandas das garagens e pequenos clubes de Seattle e L.A. para as grandes arenas ao redor do globo. Mas foi o Ten do Pearl Jam que (ao lado do Nevermind) marcou aquele ano. Um disco de estréia original, cheio de guitarras (com destaque aos maravilhosos solos de Mike McCready), bateria bem tocada e os vocais angustiados de Eddie Vedder. Alive era o hino grunge do disco, um dos rocks mais legais que já ouvi. E Black segue sendo uma das canções mais belas já feitas. Um disco para mostrar aos netos.

Nota #1: Em uma entrevista, Eddie Vedder disse que o nome da banda foi inspirado em uma geléia com poderes alucinógenos feita por Pearl, sua avó índia. Anos depois, ele declarou que era brincadeira.
Nota #2: Todos os discos citados no post são de 91 (o Facelift é do fim de 90), mas eu só fui conhecê-los em 92. Peguei o bonde andando, mas dei um jeito de sentar na janela.....

terça-feira, 24 de junho de 2008

008 – 1992 – Em Barcelona, o país o futebol se tornou o país do vôlei

O espetáculo foi diferente do apresentado pelos americanos, mas igualmente bom.
Nas olimpíadas de Barcelona, o Brasil ganhou a 1ª medalha de ouro em esportes coletivos com uma seleção de vôlei única. Invictos com oito vitórias e apenas três sets perdidos, o time do técnico Zé Roberto colocou o Brasil na elite do esporte e transformou o vôlei em uma nova paixão nacional.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

007 – 1992 – E o melhor se uniu aos maiores para conquistar o mundo


Michael Jordan já havia se consagrado campeão nacional com o Chicago Bulls ao derrotar o Los Angeles Lakers de Magic Johnson nas finais em 91. Repetira a dose em 92, desta vez sobre o Portland Blazers de Clyde Drexler e tornou-se um dos atletas mais populares do mundo. E na 1ª olimpíada em que houve a participação de atletas profissionais, os Estados Unidos mandaram o que tinham de melhor para levar o ouro. O Dream Team do técnico Chuck Daly acabou com as pretensões de sucesso de todas as outras seleções mesmo antes de entrar em quadra.. Formado por Michael Jordan, Scottie Pippen, Magic Johnson, Larry Bird, Clyde Drexler, Charles Barkley, Karl Malone, Patrick Ewing, Christian Laettner, David Robinson, John Stockton e Chris Mullin, eles chegaram à Barcelona dispostos a dar espetáculo, para delírio das platéias que lotavam o ginásio durante as partidas e conquistar o mundo como nunca ninguém havia feito antes.

E nunca mais haverá um time de basquete como aquele............


sábado, 21 de junho de 2008

006 – 1992 - E foi longe do paraíso que eu cheguei ao nirvana


E aquele CD com aquela capa legal estava em primeiro lugar dos mais vendidos em todas as lojas que eu ia (havia desbancado o Dangerous de Michael Jackson). A BIZZ sempre destacava o “som cru, inspirado no punk rock mas pop como os Beatles” de uma banda com um nome que soava como marca de detergente (?). Eu não sabia que existia “música crua” e conhecia o punk rock só de reputação, então ignorei o CD durante meses. Um colega da fábrica em que eu trabalhava me disse que o disco era a melhor coisa que ele já tinha ouvido. Como já tinha ouvido coisas semelhantes sobre Leandro e Leonardo, não dei muito crédito.
Aí houve a votação da BIZZ para os melhores de 1991 e a “banda detergente” estava indicada na maioria das categorias. Resolvi dar uma chance, comprei o disco e os anos 90 começaram para valer na minha vida. Bateria forte, contrabaixo afinado e bem destacado, guitarra esporrenta e vocal rouco e agressivo em uma verdadeira massa sonora. Tudo soando cru como sashimi. Mas o mais importante foi a atitude “anti-estrelismo” adotada por eles. Numa época em que estava na moda ser “poser”, eles estavam na contramão da rodovia. E eu dei valor a aquela sinceridade toda. Tanto que comecei a desgostar dos Guns N´Roses e de seu líder cheio de chiliques. E bandas como Extreme, Skid Row e Def Leppard ficavam cada vez menores diante do novo fenômeno de Seattle.

Mas o Nirvana não veio sozinho......

Nota #1: o título do post faz referência a A Dois Passos do Paraíso, sucesso oitentista da Blitz e a Paradise City, canção dos Guns N´Roses.

Nota #2: Pode parecer estúpido hoje, mas na 1ª vez que eu li o nome, achei que Nirvana soava como Minerva, ou algo assim..............

sexta-feira, 20 de junho de 2008

005 - 1992 - Poesia, raio, relâmpago e trovão

Não sou escravo de ninguém
Ninguém senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz

Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais

Eu sou metal
Raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal
Eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal
Sabe-me o sopro do dragão

Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.

Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terra
Tem a lua, tem estrelas
E sempre terá

Quase acreditei na tua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa

Quase acreditei, quase acreditei
E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo.
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.

Olha o sopro do dragão (4x)

É a verdade o que assombra
O descaso que condena
A estupidez o que destrói
Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais

Tenho os sentidos já dormentes
O corpo quer, a alma entende
Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos

Eu sou metal - raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal: eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal: me sabe o sopro do dragão

Não me entrego sem lutar
Tenho ainda coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então

Tudo passa
Tudo passará (3x)

E nossa história
Não estará
Pelo avesso assim
Sem final feliz
Teremos coisas bonitas pra contar
E até lá
Vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos
O mundo começa agora, ahh!
Apenas começamos.

Letra: vagalume

Esta é a letra de uma das mais belas canções brasileiras que já ouvi.

Lançada em novembro de 91 no álbum V, a banda “que tinha provado que não precisava provar mais nada a ninguém” provou que ainda tinha bala na agulha.

...e metal contra as nuvens

quarta-feira, 18 de junho de 2008

004 – 1992 – O instinto selvagem da femme fatale que não usava calcinhas.



Loira.
Linda.
Gostosa.
Perigosa.

Com uma cruzada de pernas matadora, Sharon Stone deixou a platéia masculina de todo o mundo sem fôlego no ótimo thriller de Paul Verhoeven.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

003 – Verão de 1991 – E o reencontro com uma velha conhecida nas lojas de produtos brasileiros

O verão de 91 foi marcado por um verdadeiro arrasa-quarteirão. Com um ótimo roteiro, ritmo tenso e divertido, um ator carismático e efeitos visuais inovadores, O Exterminador do Futuro 2 levou uma verdadeira multidão aos cinemas e transformou uma figura cult dos anos 80 em ícone pop.

Axl Rose, esperto, resolveu lançar um single dos Guns N´Roses na trilha sonora do filme e You Could Be Mine chegou facilmente ao topo das paradas.
No dia 17 de setembro, Use Your Illusion 1 e 2 (sim, são 2 cds) chegaram as lojas. Os álbuns estrearam na Billboard em 2º e 1º respectivamente, fazendo com que eles se tornassem a banda mais popular do planeta.


Enquanto isso, eu freqüentava as lojas de produtos brasileiros atrás de Guaraná Antarctica (na época ainda não tinha cerveja brasileira), pastéis e revistas. Até que encontrei a revista Bizz, com o João Gordo na capa em uma reportagem sobre a turnê européia dos Ratos de Porão. Numa época em que a internet era ficção científica, a Bizz se tornara a minha maior referência sobre novidades musicais (e a Set sobre cinema).
E seria lendo aquelas páginas que um furacão musical chegaria ao meu cdwalkman......

quinta-feira, 12 de junho de 2008

002 – Fevereiro de 1991 – Chegando ao País do Sol Nascente trazendo os anos 80 na memória.



Quando cheguei ao Japão no dia 8 de fevereiro de 1991, tudo que eu conhecia de música, filmes e literatura eram da década de 80. Os Guns N´Roses eram a maior banda de rock da época, o tecnopop inglês era tocado nas rádios à exaustão e o RAP ganhava força como um peido entalado depois de um hambúrguer estragado.
Meus primeiros Cds foram uma coletânea pirata (sim, em 1991!!!) do ABBA, o Joyride do Roxette que comprei no lançamento, a trilha sonora do Ruas de Fogo e, claro, Appetite For Destruction.
Ao mesmo tempo, meninas em todo mundo se apaixonavam por Patrick Swayse por causa do sucesso de Ghost e Paulo Coelho se tornava um fenômeno literário com Brida.

Enquanto isso, algumas bandas de Seattle se preparavam para tomar o mundo de assalto....

001 - Introduzindo a introdução

Antes de qualquer coisa, declaro que este blog é sobre ENTRETENIMENTO. Embora os anos 90 tenha sido a década da democracia, do impeachment, massacres em presídios e chacinas em favelas, comentários sóciopolítico-econômicos só serão feitos se estiverem no contexto do assunto apresentado